As raízes do invisível descobriam-se, a criação
disseminava clareiras,
o fogo era uma escadaria dourada.
Pelos caminhos laterais, havia cinza, estrelas de água,
e a música era uma roseira que deflagrava.
Havia lâmpadas de água submersa, repassando o linho,
as orquídeas de sombra,
e as espirais abriam-se, colorindo os barcos, as sílabas,
os vestígios redondos.
A lua iniciava a sua conivência dúctil, a sua mecânica
voluptuosa e uma andorinha verde desenhava
um vergel no sono, uma azálea de seda,
no tumulto que desbravava
a noite líquida de turquesas ardentes.
Nas minhas mãos, havia rosas flutuantes e a luz
era a imensidão inventada,
aberta ao plasma desmembrado dos favos,
dos espelhos.
Os insectos da desordem evocavam leques de chamas
que refaziam a pedra, a luz, a eternidade;
os violinos e os nomes, com suas lâmpadas,
diluídas na música e no silêncio,
acolhiam a visão benigna dos pássaros
que descansavam sobre as águas,
indiferentes aos cones vulcânicos da noite,
dispersa no olhar (nas suas asas).
A vida era uma inerência abrupta, que sulcava
a língua, o fruto espesso, o tempo frágil,
entre astros, velas, torrentes, escarpas puras,
flores selvagens,
junto às fontes que refaziam as nebulosas
que dançavam,
.....................................na penumbra leve de secretas ramagens. |