Pelo espaço dos anjos exilados,
nenhuma harpa, nenhum hino se levanta,
apenas um véu e a sua sombra,
a veemência pura dos clarões trazendo
um hálito de estátuas, um poema
de Rilke: — An die Musik (1).
E nada, a não ser as frágeis linhas
do silêncio me trazem o azul
e as suas margens,
a terra e as suas ressonâncias,
os palácios que deslizam
sobre os violoncelos do silêncio
— os vazios da memória explodindo,
as imagens despertando os nenúfares
brancos, os nenúfares vazios,
os nenúfares de música;
o coração das estátuas desdobrando-se,
um sopro de Dioniso desbravando
as trevas, o fogo,
num hausto luminoso, indizível,
ou num abraço da energia suprema
.........................................................onde tudo se arrebata.
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