Dar-se-ão quatro exemplos de sonhos, ainda que sejam de valor idiossincrático, ou seja, associados ao carácter subjectivo de qualquer narração do sonhador, logo, pessoais e, no caso, evasivos. Os seus símbolos seguem caminhos imprevistos e transformações inusitadas.
Para o sonhador, importa mais o significado do que a aparência do sonho, o conteúdo manifesto. Mas às vezes os sonhos enganam-nos, ou seja, levam-nos a interpretações desajustadas.
No primeiro sonho, a sonhadora descreve-se: «eu saltei de um cavalo, tendo-se este transformado num baloiço por baixo de uma árvore...».
Quando se fala em cavalo, muitas vezes o carácter sensível e sexual estão presentes, significando algo de poderoso para uma mulher. Todavia, quando o cavalo se transforma em baloiço, a infantilidade (mais fácil) associa-se e a árvore consuma essa criatividade balanceada entre a terra (solo onde se enraíza a árvore) e o seu cimo (copa) etéreo.
O segundo sonho refere-se «à entrada de uma certa pessoa (o sonhador) numa cave subterrânea, apercebendo-se de que está na nave de uma grande catedral».
O sonhador sentiria necessidade de ir mais fundo na caverna, entrando na vida mais ampla (como a nave grande) segundo uma direcção espiritual guiada? Essa é já uma base de reflexão posterior.
No terceiro sonho, uma mulher passa por «um comboio que está estacionado num cruzamento de vias, para subitamente se transformar (ansiedade?) num elefante muito carregado ‘e que se dirige a mim... mas tenho nas mãos uma arma que se transforma numa garrafa vazia’...».
Segundo uma interpretação possível, o comboio leva-a para uma viagem permitindo-lhe a abertura ao novo – é do que ela está à espera! Mas o elefante é excessivamente pesado, carregado, podendo simbolizar a autoridade pois pode mesmo esmagá-la com uma pata. A arma deixa de lhe ser útil porque é substituída por uma garrafa vazia, logo matar o elefante torna-se impossível. Que transformação no sonho… A sonhadora crê nada poder fazer contra o que a oprime.
No último sonho, afirma-se: «abri um livro que se transforma num tabuleiro de xadrez e passo a ser a jogadora». A maioria dos livros inclui sabedoria teórica, diversa da prática, logo a jogadora passa a reinar na vida arriscando mais e antecipando o desfecho com perigos e riscos inevitáveis. |