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Judite Maria Zamith Cruz |
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PSICOLOGIA DO SONHO E DO MITO - II
Interpretações de sonhos e grandes narrativas espirituais
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INDEX
Introdução
1. Interpretação dos sonhos por Sigmund Freud
2. Interpretação dos sonhos por Carl Jung
2.1. Sonho de primeiro nível – não simbólico
2.2. Sonho de segundo nível – confuso
2.3. Sonho de terceiro nível – simbólico
3. Que sentido podem fazer certos sonhos?
3.1. Antiga visão da exterioridade dos sonhos
4. Grandes narrativas espirituais expressas em sonhos: sentidos de vida
4.1. Exemplares de literatura alegórica do Ocidente
4.2. Mito do povo baruya da Nova Guiné: as aventuras duma mulher primordial «casada» com uma árvore
5. A grande narrativa cristã no mito do pecado original
Discussão final
Referências - Fontes de ilustração |
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Discussão final |
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O sonho e o sono, a hipnose e a meditação constituem «estados alterados de consciência» (EAC). Em texto futuro, pensamos vir a expor as suas características, de acordo com o conhecimento actual.
O sonho pode ter várias interpretações científicas recentes, portanto. De acordo com Solms, o sonho constitui um jogo entre os desejos e as metas, entre o estado de despertar e a sua inibição (1). Outras possibilidades são colocadas pela neuropsicologia do sonho: (a) fortalecimento das conexões neurais/sinápticas necessárias do cérebro (2); (b) explosão aleatória da actividade de células nervosas/neurónios (3); ou (c) eliminação de conexões desnecessárias do cérebro (4)…
Por sua vez, no que se refere ao mito ou ao conto, o seu interesse radica em associar-se a «inteligência existencial» (5): quem se lhe dedique questiona sentidos para a vida.
Não faz mais sentido o que Sigmund Freud terá pensado, para afirmar que os modelos sócio-políticos alcançados pelas grandes nações trazem à luz ideias reprimidas e experiências vividas, elucidáveis por sonhos e mitos.
Quando reflectiu no mito de Édipo, constituindo este a metáfora para a explicação do psiquismo da criança, Freud conduziu a outros significados. O complexo de Édipo referir-se-ia ao desenvolvimento da criança do sexo masculino que desejasse inconscientemente a mãe, sentindo o terror e odesejo inconsciente e reprimido de matar o pai.
Por seu lado, como vimos, Carl Gustav Jung observou os mitos como viagenssimbólicas ao longo da vida e visionadas em certos sonhos, incorporando os seus protagonistas em arquétipos inconscientes (6)-anima, animus, sombra, persona.
Seriam, na sua fantasia, essas estruturas da mente que congregariam, sem que fossem alguma vez detectáveis, as produções imaginárias do indivíduo. Um arquétipo é pois um fundo imemorial de pulsões inconscientes (impulsos) com imagens comuns e símbolos associados na cultura.
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(1) M. Solms (1997).
(2) A. Karni, D. Tanne, B. S. Rubenstein, J. J. M. Askenasi & D. Sagi (1994; cits. por S. M. Kossyn & R. S. Rosenberg, 2001, 2nd. ed., 2004, pp. 177- 181).
(3) J. A. Hobson & R. W. McCarley (1977; cits. por S. M. Kossyn & R. S. Rosenberg, 2001, 2nd. ed., 2004, pp. 177- 181).
(4) F. Crick & F. Mitchison (1986; cits. por S. M. Kossyn & R. S. Rosenberg, 2001, 2nd. ed., 2004, pp. 177-181).
(5) Howard Gardner (2006, pp. 40-42).
(6) Carl Jung (1964, trad. bras. 1996); David Fontana (1993, pp. 13-17).
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Judite Maria Zamith Cruz é doutorada em Psicologia pela Universidade do Minho, onde lecciona cursos de licenciatura e mestrado dedicados ao estudo do desenvolvimento humano e do auto-conhecimento do profissional de educação, desde 1996, é membro de instituições nacionais e internacionais dedicadas ao estudo e investigação da sobredotação, talento e criatividade e, em 1997, integrou equipa internacional e interdisciplinar, coordenada pela Professora Doutora Ana Luísa Janeira, nos domínios de ciência, tecnologia e sociedade - «Natureza, cultura e memória: Projectos transatlânticos». Colabora, desde 2000, no Instituto de Estudos da Criança, em projectos centrados na educação matemática; depois, na área da língua portuguesa e artes plásticas, como membro do Centro de Investigação «Literacia e Bem-Estar da Criança» (LIBEC) da Universidade do Minho .
Entre Janeiro e Julho de1982 foi professora de psicologia e de pedagogia em Escola de Formação de Professores do Ensino Básico de Torres Novas. De Junho a Setembro de 1982, assumiu o lugar de Assistente Estagiária na Universidade de Lisboa – Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, de que se afastou para desempenhar funções de psicóloga clínica em cooperativa dedicada a crianças e jovens deficientes motores e mentais, em Lisboa – CRINABEL (1982-1985). De 1985 a 1988 foi professora do Ensino Secundário, em Braga, leccionando a disciplina de psicologia na Escola D. Maria II. De novo ocupou funções de psicóloga clínica em associação dedicada à educação de crianças e jovens deficientes auditivos (APECDA-Braga), entre 1988 e 1992. Em 1987, realizou trabalho como psicóloga no Hospital Distrital de Barcelos, de que se afastou em 1990 para efectuar curso de mestrado. Em 1992 ocupou o ligar de Assistente de metodologia de investigação, na Universidade do Minho, em Braga, onde é professora auxiliar.
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