No Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, editado em 2001, é referido que nas alegorias se substitui uma realidade abstracta (por exemplo, a origem do mundo) por uma «realidade concreta que a simboliza por analogia, encadeando de forma lógica metáforas, comparações e outras figuras de estilo».
Um desses episódios fantásticos expostos como alegoria é, como se referiu, As Viagens de Gulliver de Jonathan Swift (1667-1745).
Observam-se alegorias em todas as culturas.
No Ocidente, são tomadas como alegorias obras literárias como A Divina Comédia do poeta florentino Dante Alighieri (1265-1321). Dante representa uma primeira alegoria para o amor quando em Vita Nuova (1290-1294) se refere aos seus sentimentos por Beatrice (Beatriz), provavelmente a jovem Bice Portinari que ele mal conhecia, morta em 1290, embora a pudesse tomar por pura, virtuosa e bela. Iniciada em 1305, A Divina Comédia foi terminada pouco antes da sua morte, expandindo com folgo renovado a sua aventura espiritual, entretanto trilhada em 20 anos de exílio a que esteve sujeito por razões políticas. No texto ímpar, Dante penetra no Inferno e no Purgatório até poder atingir o Paraíso guiado pelo poeta Virgílio (70- 19 a. C.). Desde os seus 9 anos, ele idealizou amar tanto Beatriz que ela o conduziria à presença do sagrado.
O Paraíso Perdido de John Milton (1608-1674) ou O Retrato de Dorian Gray de Oscar Wilde (1854-1900) são outras obras-primas de grande impacto, mas por outros motivos. Por exemplo, O Paraíso Perdido constituiu uma poesia dedicada à epopeia cristã relatada em doze longos cantos, em verso solto, tendo como significado plausível a queda da Humanidade. O Retrato de Dorian Gray extrema o prazer frente à convenção social e moral.
Nas alegorias literárias, apreendem-se críticas sócio-morais e/ou apelos ao amor sublime e à sexualidade esfuziante.Nessa acepção, as alegorias dirigem a compreensão da origem da criação, da imortalidade ou, como se disse, alertam para a guerra ou afagam o enamoramento e o prazer. |
Judite Maria Zamith Cruz é doutorada em Psicologia pela Universidade do Minho, onde lecciona cursos de licenciatura e mestrado dedicados ao estudo do desenvolvimento humano e do auto-conhecimento do profissional de educação, desde 1996, é membro de instituições nacionais e internacionais dedicadas ao estudo e investigação da sobredotação, talento e criatividade e, em 1997, integrou equipa internacional e interdisciplinar, coordenada pela Professora Doutora Ana Luísa Janeira, nos domínios de ciência, tecnologia e sociedade - «Natureza, cultura e memória: Projectos transatlânticos». Colabora, desde 2000, no Instituto de Estudos da Criança, em projectos centrados na educação matemática; depois, na área da língua portuguesa e artes plásticas, como membro do Centro de Investigação «Literacia e Bem-Estar da Criança» (LIBEC) da Universidade do Minho .
Entre Janeiro e Julho de1982 foi professora de psicologia e de pedagogia em Escola de Formação de Professores do Ensino Básico de Torres Novas. De Junho a Setembro de 1982, assumiu o lugar de Assistente Estagiária na Universidade de Lisboa – Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, de que se afastou para desempenhar funções de psicóloga clínica em cooperativa dedicada a crianças e jovens deficientes motores e mentais, em Lisboa – CRINABEL (1982-1985). De 1985 a 1988 foi professora do Ensino Secundário, em Braga, leccionando a disciplina de psicologia na Escola D. Maria II. De novo ocupou funções de psicóloga clínica em associação dedicada à educação de crianças e jovens deficientes auditivos (APECDA-Braga), entre 1988 e 1992. Em 1987, realizou trabalho como psicóloga no Hospital Distrital de Barcelos, de que se afastou em 1990 para efectuar curso de mestrado. Em 1992 ocupou o ligar de Assistente de metodologia de investigação, na Universidade do Minho, em Braga, onde é professora auxiliar.
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