JULIA VALESCA PAIS:
"A noite é dos pássaros"

E OS PÁSSAROS POUSARAM SOBRE O MEU PAPEL - REFLEXÕES CRÍTICAS SOBRE O ROMANCE “A NOITE É DOS PÁSSAROS”

INDEX
Objetivo
Resumo
Sumário
INTRODUÇÃO
1 – Nicodemos Sena e sua fortuna crítica
2 – Hans Staden e Duas viagens ao Brasil
3 – Nicodemos Sena e A noite é dos pássaros
4 – Uma leitura comparada
         4.1 – O elemento religioso
         4.2 – O caráter de Alexandre Rodrigo Ferreira X Hans Staden
         4.3 – O relato dos costumes tribais
         4.4 – A diferença de gênero entre as obras
5 – A noite é dos pássaros e a Pós-Modernidade
         5.1 – O ecletismo estilístico em A noite é dos pássaros
         5.2 – A intertextualidade em A noite é dos pássaros
         5.3 – O  hibridismo em A noite é dos pássaros
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ANEXO: ENTREVISTA COM NICODEMOS SENA

4.2 – O caráter de Alexandre Rodrigo Ferreira
X Hans Staden

            Os personagens principais de cada obra possuem caráter bem diferente. Como mencionado no item 4.1, Hans Staden era um homem extremamente temente a Deus, todas as suas ações tinham motivações religiosas. Ele seria capaz de se conformar em ser devorado caso fosse essa a vontade de Deus. Homem sério, certo de suas convicções, não cedeu aos costumes e à crença indígena e também não se envolveu amorosamente com nenhuma índia.
         Já Alexandre Rodrigo Ferreira é ateu, age de acordo com o que considera como certo, não tem em seu caráter aspectos morais voltados para a religião. No começo, quando é capturado, sente-se envergonhado por ficar nu diante das mulheres da tribo, mas a vergonha passa com o tempo, principalmente quando conhece Potira, não vendo problema algum em ter um relacionamento com ela e nem de participar de um ritual antropofágico. Além disso, mesmo como refém, Alexandre participa das festas, bebe cauim com os índios e mantém relações sexuais com Potira sem se importar com a presença de outras pessoas.
         O personagem de Nicodemos mostra-se uma pessoa mais humana, com defeitos e qualidades, capaz de adaptar-se mais facilmente ao meio em que está preso para tentar aliviar um pouco da tensão por estar em cativeiro, mas sem esquecer-se do seu desejo de ser libertado. Não é um homem “certinho” como o alemão.