A loucura vestiu-se de lobo
E farejou atrás das árvores.
Gotejando, o desejo apodera-se da língua
E serpenteia as veredas,
Rente ao casario.
Quero ser o porquinho da casa de pedra,
Para no panelão,
Queimar todos os fantasmas
Que me atormentam.
Afastai-vos de mim, tentações inúteis,
Ribanceiras mortais!
Sinto o corpo mirrar,
Cravejado de lanças,
Apunhalado,
O coração vazio.
Quero a paz de outrora,
A cabeça na almofada,
O sono de criança.
Quero acordar serena,
Sentir o que tenho aqui.
Afastai-vos ilusões envenenadas,
Turbulências do mar!
Deixai-me...
Não aguento o peso das paixões,
O bom do que não existe,
O prato cheio de restos bolorentos,
Enfarinhado de palavras de amor.
Abandonai-me na berma da estrada,
No centro do deserto.
Não quero morrer!
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