Quisera eu,
Ser fogosa,
Desvairada de amor,
Gueixa de noites
E dias de prazer,
Gritando em suspiros,
Toda a minha loucura.
Deixar-me possuir sem pudor,
Por corpos que me quisessem,
E abandonar-me
Na luxúria das paixões.
Mas não!
Carrego um fardo
De pecados originais,
E mortais também.
Não quero passar para o lado de lá
Da barricada.
Sou sentinela
De mim mesma,
Um anjo assexuado
Em corpo de mulher pagã.
Deus e o Diabo
me fizeram assim.
Tenho o condão
De me sentir virgem,
E assim permanecer,
Até que a minha alma
Gire um dia,
Nalgum girassol
Perdido no campo.
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