Cadernos do ISTA . número 17
A verdade em processo

Luís de França
O ESPLENDOR DA VERDADE
– AS VERDADES DA FÉ

 
Preliminares
1. O que é a verdade?
1.1. Verdade do Evangelho e doutrina
1.2. A Verdade como promessa
1.3. A Verdade como testemunho profético -
2. O Poder e a Verdade –
3. Verdade da fé cristã - o lugar da teologia
3.1. Função da teologia na busca da verdade
3.2 A teologia como pratica social
4. Verdades da fé - o lugar da doutrina
4.1. Relação entre verdade e história
4.2 Verdade e história -
4.3 Interpretação doutrinal dos dados históricos –
4.4. Do bom ou mau uso do Denziger
5. Exercício do Magistério
5.1.Evolução irreversível da consciência moderna
5.2. A recepção na Igreja
Epílogo - O Esplendor da Verdade

4.2 Verdade e história
- o caracter histórico dos documentos doutrinais

É de 1973, e num texto assinado pelo Cardeal Hamer, que pela primeira vez um texto oficial romano trata exprofesso da condição histórica da expressão que é necessário dar à Revelação.

São dessa Declaração as seguintes afirmações: 1. O sentido dos enunciados da fé esta condicionado pelo estado da língua utilizada numa dada época e num dado contexto. 2. Uma verdade dogmática pode ser expressa de modo incompleto e num primeiro tempo e receber posteriormente uma expressão mais perfeita que a situe num contexto de fé mais alargada. 3. A Igreja formula novos enunciados de fé ao mesmo tempo para confirmar e esclarecer as verdades da fé já conhecidas, mas também para resolver questões novas e fazer face a eventuais erros. 4. Afirma-se que o conteúdo expresso num dado momento pode ter traços que se revelem caducos ligados a concepções mutantes. 5.As formulas dogmáticas estão sempre aptas a comunicar a verdade revelada aqueles que as interpretam bem. O que quer dizer que essas formulas exigem interpretação. 6. Contudo o sentido das formulas, isto é o sentido visado por elas de modo mais ou menos adequado, permanece sempre verdadeiro e idêntico a si-próprio, mesmo quando dá lugar a uma compreensão melhor. O documento procura assim distinguir o lado histórico e de certo modo contigente do enunciado dogmático do lado absoluto da revelação que procurou exprimir. 7. Contra o relativismo histórico 8. O texto explica o verdadeiro sentido da formula de João XXIII feita no início do Concílio Vaticano II “Uma coisa é o depósito da fé, isto é as verdade contidas na doutrina sagrada, outra coisa é o modo de exprimir essas verdades salvaguardando, contudo o seu sentido e o seu conteúdo”

Este documento era tão novo que no mesmo dia da sua difusão publica, em Roma, foi apresentada uma nota para a sua interpretação ! Os redactores dessa nota estavam perfeitamente conscientes da novidade que essa postura no clima então reinante na Igreja. O texto legitimava uma sábia hermeneutica que nesses anos posconciliares estava muito difundida entre os teólogos. Com este texto fazia-se um corte com a doutrina interpretativa estabelecida em 1950 pela encíclica Humani Generis.

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