Cadernos do ISTA . número 17
A verdade em processo

Luís de França
O ESPLENDOR DA VERDADE
– AS VERDADES DA FÉ

 
Preliminares
1. O que é a verdade?
1.1. Verdade do Evangelho e doutrina
1.2. A Verdade como promessa
1.3. A Verdade como testemunho profético -
2. O Poder e a Verdade –
3. Verdade da fé cristã - o lugar da teologia
3.1. Função da teologia na busca da verdade
3.2 A teologia como pratica social
4. Verdades da fé - o lugar da doutrina
4.1. Relação entre verdade e história
4.2 Verdade e história -
4.3 Interpretação doutrinal dos dados históricos –
4.4. Do bom ou mau uso do Denziger
5. Exercício do Magistério
5.1.Evolução irreversível da consciência moderna
5.2. A recepção na Igreja
Epílogo - O Esplendor da Verdade

4. Verdades da fé - o lugar da doutrina
4.1. Relação entre verdade e história em alguns documentos recentes

Na Igreja católica o esquema tradicional para expor as doutrinas cristãs que começou a ser adoptado sobretudo a partir de 1920, testemunha que de certo modo há um pressuposto hermenêutico segundo o qual a concepção cristã da verdade se inscreve numa história e se atesta nela.

Do pressuposto tenuamente expresso desde aquela chegou-se a um ponto de viragem onde essa hermenêutica é claramente assumida. Esse ponto de viragem nos tempos modernos, situa-se no ano de 1966, após o encerramento do Concílio.

Procedendo a uma leitura seguida de vários documentos doutrinais poderemos tirar encontrar pistas sobre o modo de elaboração da doutrina católica nos tempos actuais. Procedeu-se então à leitura dos seguintes documentos:

Declaração Mystérium Ecclesiae sobre a doutrina católica com vista a protegê-la de erros de hoje. DC 1636 (1973)

Declaração sobre a questão da admissão das mulheres ao sacerdócio ministerial DC 1714 (1977)

Declaração da Congregação para a doutrina da fé sobre o aborto DC 166 (1974)

Declaração sobre certas questões de ética social DC 1691 (1976)

Declaração sobre a eutanásia DC 1790 (1980)

Instrução sobre alguns aspectos da teologia da libertação DC1881 (1984)

Instrução da Congregação para a doutrina da fé – A verdade vos tornará livres - sobre a liberdade cristã e a libertação DC 1916 (1986)

Comissão Teológica Internacional: Declaração sobre a promoção humana e a salvação cristã DC 1726 (1977); Algumas questões relativas à Cristologia DC 1803 (1981); Teologia, cristologia, antropologia DC 1844 (1983); A reconciliação e penitência DC 1864 (1983);A dignidade e os direitos da pessoa humana DC 1893 (!985).

A análise comparada deste conjunto de textos revela-nos que eles são habitados por uma certa tensão entre a convicção de uma aliança original entre verdade e história e a memória sempre reactivada de um conflito entre estas partes.. Ou seja, a tradição viva da fé exprime-se por uma série de escritos e de decisões, cuja interpretação é necessária para conhecer e fazer a verdade das situações históricas novas.

Os documentos analisados referem-se frequentemente aos diversos monumentos (dogmas) do discurso cristão como a um bem próprio. Traduzem a convicção segundo a qual se a salvação cristã é história, ao mesmo tempo se aceita que a verdade tem de ser procurada e se dá a conhecer na história ou pela história.

Desde Blondel, no auge da crise modernista, que se costuma tipificar o conflito entre história e dogma . Os documentos doutrinais citados acima, mantém-se pois muito atentos ao perigo do relativismo histórico e por isso o texto desses documentos insistem na prioridade do critério teológico e da autoridade do Magistério da Igreja, a quem é confiado em definitivo o discernimento em matéria de fé. Percebe-se bem porque é que o conflito entre verdade e história, deu muitas vezes lugar à triologia verdade, história e autoridade.

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