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BOLETIM DO NCH
Nº 14, 2005

NO CINQUENTENÁRIO DO NÚCLEO CULTURAL DA HORTA
Jorge Costa Pereira

INDEX
I - A IDEIA DE UM NÚCLEO DE CULTURA NO FAIAL

1. O NÚCLEO CULTURAL MANUEL DE ARRIAGA

II - A FUNDAÇÃO DO NÚCLEO CULTURAL DA HORTA

1. ESTATUTOS E OBJECTO

2. DIRECÇÕES

3. O BOLETIM DO NCH

4. INSTALAÇÕES

III – AS VICISSITUDES DO PRESENTE

IV – OS DESAFIOS DO FUTURO

FONTES E BIBLIOGRAFIA

Anexos

III – AS VICISSITUDES DO PRESENTE

O NCH foi uma resposta às necessidades e exigências da sociedade faialense de meados do século passado. Sustentado numa elite, com ligações várias ao poder vigente na altura e no qual encontrou o suporte financeiro para a sua actividade, a verdade é que o NCH pautou a sua intervenção pelo registo dominante da irregularidade na sua presença e actividade, visíveis nos períodos de ausência do Boletim, na inexistência de outras publicações editadas e nas poucas iniciativas culturais próprias verdadeiramente marcantes.

O advento do 25 de Abril de 1974, a democratização cultural que o acompanhou, o surgimento do Governo Regional dos Açores, com os seus departamentos na área da cultura que promovem actividades próprias, a progressiva intervenção das autarquias locais na organização de eventos culturais, a fundação e consolidação da Universidade dos Açores, todas estas alterações estruturais restringiram o espaço de intervenção e o papel do NCH e, também, dos restantes institutos culturais açorianos.

Mantiveram-se, neste período, as dificuldades na edição do Boletim, mas foi iniciada a publicação de várias obras, de natureza vária, que têm contribuído para o cumprimento dos objectivos estatutários do NCH. Em 1993, em colaboração com a Casa de Cultura da Horta, iniciou-se aquela que terá sido até à data uma das mais relevantes iniciativas do NCH: a realização, do Colóquio «O Faial e a Periferia Açoriana nos Séculos XV a XX». Privilegiando a história da periferia açoriana nas suas diversas áreas, com o objectivo de motivar e incentivar a investigação histórica sobre as ilhas menos «estudadas» (e, por isso, periféricas), nomeadamente Santa Maria, Graciosa, S. Jorge, Pico, Faial, Flores e Corvo, o Colóquio conheceu três edições (1993, 1997 e 2002), deu um importante contributo para a divulgação e conhecimento da História dos Açores e ganhou já lugar próprio nos eventos do género que se realizam nos Açores.

O presente do NCH é determinado por três grandes conjuntos de dificuldades, que podem ser abordados sistematizadamente assim: a) Recursos humanos – embora as páginas do Boletim tenham estado sempre abertas à colaboração que se integrasse nos objectivos da instituição, e apesar do aumento significativo de licenciados que se fixaram nesta ilha nos últimos 25 anos (na administração regional, nas várias escolas, no pólo da Universidade), a verdade é que a grande maioria deles se manteve sempre longe da colaboração e da publicação de estudos ou de investigação no Boletim. Aqui radicou uma das causas primeiras da dificuldade em manter uma periodicidade regular na sua publicação, privado de textos originais para publicar e incapaz de garantir continuidade e regularidade aos poucos que surgiam. b) Instalações – O NCH nunca possuiu instalações próprias onde pudesse desenvolver a sua actividade. Aquelas por onde tem andado foram sempre provisórias. À semelhança dos apoios e facilidades neste âmbito concedidas a instituições congéneres de outras ilhas, em 1995 o Governo Regional dos Açores, através da Direcção Regional dos Assuntos Culturais, deliberou incluir no projecto de reabilitação e adaptação da Casa Grande, instalações destinadas ao NCH. Tal decisão foi, no entanto, suspensa em 1997. O novo Governo Regional desvinculou-se do compromisso público e escrito existente, invocando que «O actual Governo nunca assumiu tal compromisso» (Oficio n.º 5008, de 27.7.1999, da Direcção Regional da Cultura). As novas orientações passaram a ser as de que «O Núcleo Cultural da Horta [...] deverá encontrar outro tipo de instalações». O resultado está à vista: o NCH continua sem instalações próprias e foi obrigado a alugar o espaço que hoje ocupa e que lhe consome uma fatia das parcas verbas de que dispõe! c) Financiamento – Até 1974 o NCH dependeu em absoluto dos subsídios que regularmente recebia da Junta Geral. Depois, esse lugar foi ocupado pelo Governo Regional dos Açores. De início generoso, depois progressivamente mais avaro e parco, o Governo Regional tem vindo a minguar os seus apoios na proporção da realização dos próprios eventos que tem organizado, chegando-se à situação presente em que as verbas concedidas para alguns projectos são meramente simbólicas. A este afastamento do Governo Regional tem sucedido uma maior abertura e disponibilidade da Câmara Municipal da Horta em estabelecer parcerias à volta de actividades comuns que, desse modo, tem sido viabilizadas. É o caso da realização do Colóquio «O Faial e a Periferia Açoriana nos Séculos XV a XX» que, desde a última edição, contou com aquela autarquia entre as entidades organizadoras. A mesma disponibilidade tem sido também possível encontrar em projectos pontuais junto das Câmaras Municipais da ilha do Pico.

 

Jorge Costa Pereira – Núcleo Cultural da Horta - Apartado 179 - 9900 Horta