Procurar imagens
     
Procurar textos
 

 

 

 

BOLETIM DO NCH
Nº 14, 2005

NO CINQUENTENÁRIO DO NÚCLEO CULTURAL DA HORTA
Jorge Costa Pereira

INDEX
I - A IDEIA DE UM NÚCLEO DE CULTURA NO FAIAL

1. O NÚCLEO CULTURAL MANUEL DE ARRIAGA

II - A FUNDAÇÃO DO NÚCLEO CULTURAL DA HORTA

1. ESTATUTOS E OBJECTO

2. DIRECÇÕES

3. O BOLETIM DO NCH

4. INSTALAÇÕES

III – AS VICISSITUDES DO PRESENTE

IV – OS DESAFIOS DO FUTURO

FONTES E BIBLIOGRAFIA

Anexos

IV – OS DESAFIOS DO FUTURO

Qual o lugar do NCH no contexto dos vários organismos e instituições que intervêm na área da cultura no Faial e nos Açores? Como articular sem duplicar, como cooperar sem concorrer com os organismos do Governo Regional, as autarquias locais, ou a própria Universidade? Como encontrar e fortalecer um espaço próprio, que não seja repetição nem concorrência?
Por outro lado, cinquenta anos depois, os objectivos do NCH mantêm-se? Numa sociedade em que o acesso e o usufruto da cultura se democratizaram, tem sentido a sua feição elitista? Como dar-lhe uma nova dimensão? E que lugar deve ocupar na ordem dos saberes? A proximidade do saber universitário ou a opção pela cultura dita popular? E numa sociedade contemporânea determinada pela massificação e pelo império do audiovisual, que lugar para as formas culturais ainda predominantemente livrescas?

O primeiro desafio do futuro com que se defronta o NCH é, sem dúvida, o de encontrar o seu lugar no conjunto das instituições culturais da ilha do Faial e dos Açores. E essa reflexão depende do próprio Núcleo, do seu dinamismo interior e da capacidade dos seus associados e corpos dirigentes em apreender e perceber o tempo presente e as aspirações e expectativas da comunidade em que se insere, procurando, a partir daí, agir em conformidade.

Não tenho dúvida que, neste âmbito, o lugar do Núcleo não deverá ser nem o do eruditismo elitista, nem o da cultura popular, antes, sim, um espaço híbrido, movente, dinâmico, que se situa entre a erudição e a investigação universitárias e a ligação à comunidade concreta que serve e à dimensão popular que uma divulgação cultural actuante exige.

Por outro lado, constitui também um desafio determinante para o NCH o de encontrar financiamento regular e suficiente. Inserido numa comunidade com cerca de 15.000 habitantes, com um tecido empresarial de poder limitado e na sua maioria sem disponibilidades para investir em actividades culturais, dificilmente o NCH conseguirá quebrar a dependência financeira dos apoios oficiais. Por isso, uma outra clarificação, até hoje nunca feita, se exige também: a de saber o que quer o Governo Regional dos institutos culturais existentes nos Açores? Que espaço de actuação lhes reconhece e que relacionamento financeiro pretende com eles manter? Entende-os como parceiros privilegiados e capazes de assumir algumas vertentes da intervenção cultural, ou continua a ver neles concorrentes que disputam não só o sempre pequeno orçamento da cultura, mas também as «actividades oficiais»?

Reconhecendo-se aos institutos culturais açorianos o seu papel no desenvolvimento e promoção da cultura, a sua acção no progresso da sociedade e o seu inestimável contributo para a pluralidade cultural e democratização do saber e do conhecimento, não faz então sentido outra política e outro rumo que não sejam o da imprescindível cooperação regional.

Cooperação, desde logo, por parte das entidades oficiais, governo e autarquias, reconhecendo aos institutos culturais o lugar de parceiros, em dignidade e apoio, no desenvolvimento cultural da Região.

Cooperação também entre os próprios institutos, rendibilizando meios, potenciando iniciativas e dando dimensão regional à sua intervenção. Sem perderem a sua ligação às ilhas que os geraram – da qual emana muita da sua força e identidade –, e sem abandonarem a feição própria que devem manter como resposta às solicitações do seu meio e da sua comunidade, os institutos culturais açorianos necessitam também de iniciar, em conjunto, um caminho ainda por explorar: o do cumprimento de objectivos comuns e de partilha de projectos. Este é um desafio e uma necessidade dos novos tempos. Para que, também pela solidez da cultura, se faça das nossas nove ilhas verdadeiramente uma Região.

 

Jorge Costa Pereira – Núcleo Cultural da Horta - Apartado 179 - 9900 Horta