Espaços do céu onde estrelas morreram,
As ervas cheiram a terra, mas não há flores.
Três luzes balbuciam o barulho dos carros.
Acorda o negro no estampido do fogo.
Silhuetas calmas nos grilos molhados,
Tufos de vida num quadrado de areia.
E as almas atónitas no vácuo das cantigas.
Persianas num sono revolto,
Branqueiam na liberdade dos morcegos,
E os dedos gritam o latido de um cão.
Caem flores mortas de um fruto d`óleo.
Parece a rua uma procissão de fantasmas,
Com santos manchados nas golpadas.
E as preces são novas súplicas
Na altura das mãos.
Mas os pássaros, cortam a noite
Sem temores dos horários de amanhã,
Porque o sol brilhará sempre
No azul das pálpebras.
Helena Figueiredo
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