Sai de mim a tinta e a palavra,
Sem o bloqueio da forma redonda.
Não construi barragens nem diques,
Nem aproveitei a energia do azul.
É aqui, na luz branca de um santo
Que vomito o que não digeri,
O bruto do meu ser sem cinzel,
Para o rodopiar no asfalto.
Sou eu, na caneta e na mão,
Bailando com o ar da noite.
Sou eu que abro o meu corpo
Às ninfas minadas de febre
E que quero a Verdade,
A Beleza do estar aqui,
Sem temores do Inferno.
Sou eu, que me desfaço
Nos líquidos mortos do tabu.
Quero água de Javel nos dedos,
As órbitas longas,
Um coração redondo de ser assim.
Helena Figueiredo
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