Observo-te.
Confundes-te com as árvores
O chão é um tapete dourado, abafando o som do teu andar métrico.
Raios de sol filtram o ar povoado de folhas multicolores.
Confundes-te com elas.
Voas, e o teu casaco parece-me castanho.
Abrigo-me silenciosamente na sua aba,
Como se morasse no Paraíso.
Quantas vezes sonhei este momento!
Encostar-me ao teu respirar,
Aquecer o meu peito nesse tecido mágico.
Observo-te e vou contigo.
Floresta adentro dou-te a mão,
Como outrora à luz da lua.
Não dás por mim.
Apenas os teus passos na folhagem outonal.
Cheiros de terra, penumbras…
Descansas junto à pedra grande.
Chego-me a ti.
Afago com doçura os teus cabelos e sinto-lhes o cheiro.
Deito a cabeça no teu ombro
E deixo-me ficar…
Assim…
Como um fantasma.
Não digas nada.
Deixa-me apenas ir.
Helena Figueiredo
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