Não o lugar, não.
Sempre a espera. Não aquilo,
Nem aquilo outro. O desespero. No vácuo
Ele se lança, vai, segue o espetáculo.
Dança com as vértebras curvas, entre linhas, eis, ali, veja:
A grande Quimera.
Desde ontem tenho sede. Aqui, ao longe, a barca.
Lá fora: o mar e o degredo. Ondas violentas me arremessam
(Preso pela bóia de salvar, ainda assim, náufrago)
Quem dirá minha deriva seguirá os olhos do monstro.
A panacéia. É justo que hoje se diga: o coração. Justo para mim que
Prefiro as máquinas de Pimball
e o fígado corroído do homem embriagado.
Aqui: uma esquina. Lá: quem enviou a bala ferina?
Nenhuma palavra selva.
E o que me salva? Nunca se sabe, o tigre vocifera.
A voz do homem é rouca, a nuca da mulher e o esgar da fera,
Esse desejo, essa marca, quem tira? A ferro, ferido.
Não sabe ainda como apagar: a memória.
No palácio do rei, nu, quem fica é o idiota.
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Denise Sampaio Ferraz. Olímpia (São Paulo, Brasil), 1963. Graduada em Comunicação Social (Jornalismo). Mestre em Teoria da Literatura pela UNESP de São José do Rio Preto (S.P). Prepara tese de doutoramento em Teoria da Literatura pela mesma Universidade sobre Clarice Lispector. |