E se queriam tanto
Que eu dissesse a palavra exata
A palavra exatidão
É porque desejavam minha dor
Feito peixe, feito eu, no raso, exposto ao sol desse verão
intrépido e fagueiro.
No mercado de peixes, no aeroporto,
Aos pedaços, pelos jardins, pela metade, uma acácia,
lagostas, caranguejos, quem diria!
(olhos de peixe-morto me espionam de espreita).
Diz o Chefe:
Quem sabe um mexilhão faria o gozo
A variar o cardápio nessas noites de verão?
Cada parte do corpo
Um mistério
Só na minha boca,
Aquela vírgula entre um sim um não talvez...
A dizer com escárnio que
Haveria um verso, um terço, um sorriso entre dentes...
Ah, que se tenho asas...
Ah, que não me pegam...
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Denise Sampaio Ferraz. Olímpia (São Paulo, Brasil), 1963. Graduada em Comunicação Social (Jornalismo). Mestre em Teoria da Literatura pela UNESP de São José do Rio Preto (S.P). Prepara tese de doutoramento em Teoria da Literatura pela mesma Universidade sobre Clarice Lispector. |