Simbolismo e cor nos bordados de Castelo Branco:
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INDEX | |||||||
Introdução |
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Plantas e animais tintureiros |
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Vamos dar início a um caminho de corantes e tingimento para dar cor ao Jardim. De um modo simples, podemos dizer que um corante é uma substância que tem cor e que por interacção física e química a transmite para outras substâncias. Contudo convém reter a ideia de que a função de corante tem também relação com a estrutura do material a corar. Algumas substâncias são bons corantes para a seda e não o são para o algodão e exigem, além do mais, cuidados diferenciados devido às suas propriedades. Falamos da resistência de tecidos e corantes à temperatura, à luz, às lixívias, a tratamentos mecânicos… entre outros. O tingimento das fibras implicava, então, a preparação dos corantes. Conhecem-se, desde a mais remota antiguidade, muitos corantes de origem mineral, mas que não são adequados ao tingimento da seda. Para esta, e de origem animal, é famoso um molusco (murex brandaris), do qual se retirava a púrpura; terá sido dos mais famosos e apreciados corantes que a humanidade já conheceu. Uma espécie de cochonilha (a cochonilha do carmim ou cochonilha dos tintureiros) era usada na preparação de um corante para as sedas do bordado de Castelo Branco. Mas a maior parte dos corantes usados eram de origem vegetal. De novo, os jardins são um elemento imprescindível para concretizar a colcha do amor. Por informação directa recolhida junto de uma antiga mestra da Oficina-escola do Museu,ficámos a saber que se usavam a casca de cebola (Allium cepa), a casca verde de noz (Juglans regia), a erva ruiva (Rubia tinctorium), os lírios roxos e amarelos (Iris), a papoila vermelha (Papaver Rhoeas), o agapanto (Agaphantus africanus), o ciano (Centáurea cyanus), as folhas de chá (Camellia sinensis), entre outros corantes de origem vegetal. No Museu de Lanifícios da Covilhã, bem como na literatura (Delamare e Guineau, 2000, por exemplo), fomos encontrar informações adicionais sobre outros corantes naturais, alguns deles introduzidos exactamente pela influência oriental e do Brasil e que também se usaram para o tingimento da seda: o pau campeche (Haematoxylon campechianum), o indigo (Indigofera tintoria), o pastel (Isatis tinctoria), entre outros e também a cochonila, de que já falámos (animal tintureiro – Dactylopius coccus). Chegou a ser muito incentivado o cultivo da ruiva e do pastel, nas terras da Beira Baixa, como se pode ler num edital de 1819. “Assim sugeriu ao Rei, a Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação: que seria muito conveniente animar nestes Reinos a Cultura da Ruiva e do Pastel, de que muito precisamos para o uso das nossas tinturarias, e por cujos géneros se despendem grandes somas na sua importação, quando é certo que a Nação que se propõe a ter manufacturas deve cuidar em apropriar-se da maior quantidade possível das matérias primas que entram na sua composição”. E sobre as referidas espécies se tinham realizado estudos e se tinha chegado à conclusão “que as referidas plantas são pouco melindrosas na escolha dos terrenos e se acomodam bem a todos os climas das latitudes médias”. Não deveria existir coação dos proprietários dos terrenos e para animar este ramo de agricultura criaram-se incentivos: “que os terrenos ocupados com a plantação da Ruiva e do Pastel sejam isentos, assim como os seus frutos e as vendas e os transportes dos mesmos, de qualquer imposto ou encargo público” (Pinheiro, 1998, p.81). |
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(*) Escola Superior de Educação, Instituto Politécnico de Castelo Branco. E-mail: fatimapaixao@ese.ipcb.pt |
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Outros espaços da ciência no sítio: |
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Outros espaços da espiritualidade no sítio:ISTA - site do Instituto S. Tomás de Aquino |
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Associação de Socorros Mútuos Artística Vimaranense (ASMAV) - Guimarães |
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