MAJOR MIGUEL GARCIA

A GEOPOLÍTICA DA SIDA
Francisco Proença Garcia
Maria Francisca Saraiva

INDEX

Introdução
1. A evolução do fenómeno no mundo
2. A SIDA e o selénio
3. SIDA e Segurança
3.1. Os reflexos na população
3.2. A SIDA e as operações militares
3.3. A SIDA e o Estado
4. A resposta ao fenómeno
Conclusão
A Sida em números
Referências bibliográficas

Introdução

No decorrer das últimas décadas floresceu na Geopolítica o interesse por fenómenos tão demolidores como a SIDA.

O problema da origem e evolução da SIDA -  por onde e quanto se propaga  - é de notável importância para o homem, mas ao mesmo tempo de grande complexidade. Importante porque afecta a saúde humana em todas as zonas do globo, motivo de reflexão frequente nos estudos sobre as grandes pandemias do século XX. Complexo, porque os dados a considerar são muitos e de difícil interpretação no contexto da análise, numa perspectiva transversal, das suas repercussões a nível mundial.

As hipóteses que se propuseram para explicar a origem da SIDA têm as mais variadas origens. Hoje em dia, há dados significativos que se podem abordar a favor da hipótese da imunidade do ser humano estar intimamente relacionada com a presença no organismo de uma pequena quantidade de um micro-nutriente, o selénio. Este micro-nutriente encontra-se distribuído por toda a superfície terrestre de forma irregular.

Actualmente, a importância do selénio continua a ser objecto de debate. Em qualquer dos casos, o estudo detalhado da cartografia deste micro-nutriente, tal como nos é possível conhecê-la neste momento, permite-nos contrastar a sua presença com a maior ou menor prevalência da SIDA em zonas diferenciadas do globo e daí retirar conclusões geopolíticas.

É manifesto que a SIDA tem graves implicações na segurança, entendida na sua acepção mais alargada. Diversas instâncias internacionais começaram já a reflectir sobre o problema. Podem-se assinalar alusões a esta preocupação em resoluções e relatórios das Nações Unidas (NU), no Conceito Estratégico norte-americano e em diversos relatórios de inúmeras entidades civis e militares, académicas ou humanitárias. Deste modo, distinguem-se várias problemáticas de interesse: por exemplo, a análise dos reflexos do fenómeno na população mundial, as consequências para as operações militares e ainda a polémica das implicações do fenómeno em diversas outras actividades a que o Estado se dedica.

Por fim, fica ainda por averiguar qual tem sido a resposta a esta tragédia de dimensões mundiais. É muito evidente que uma visão integrada do problema tem sido bastante difícil. Mas independentemente das suas limitações, a análise geopolítica tem progredido. Com recurso a outras áreas das ciências sociais como por exemplo a Sociologia, a Estratégia, as Relações Internacionais e a Estatística têm-se superado algumas dificuldades inerentes à análise desta nova manifestação geopolítica. Basta pensar no difícil que é hoje em dia, apesar de todos os meios de tratamento de que dispomos, mergulhar nas trágicas dimensões desta terrível doença para os povos que habitam a África sub-saariana.

 

Francisco Proença Garcia. Major de Infantaria, Professor do Instituto de Estudos Superiores Militares.

Maria Francisca Saraiva. Assistente no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Mestre em Relações Internacionais.