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MAJOR MIGUEL GARCIA |
A GEOPOLÍTICA DA SIDA |
INDEX |
Introdução |
Conclusão |
Parece hoje claro que a SIDA se presta a uma análise geopolítica na justa medida em que esta pandemia já matou mais seres humanos do que qualquer conflito na história. Com estatuto geopolítico próprio, é hoje uma ameaça transnacional, que alastra por toda a superfície do planeta, desconhecendo fronteiras e afectando a vida das populações. De facto, é hoje indesmentível que o fenómeno atinge directamente a segurança dos Estados, debilitando as suas estruturas sociais, económicas, culturais, políticas e militares. Parece evidente que as dimensões da tragédia e o alcance da sua influência nos equilíbrios internacionais determinam a adopção de políticas cooperativas por parte dos Estados e das organizações internacionais. Os objectivos são claros: a correcta gestão das suas consequências e a opção por modalidades de acção políticas que prefigurem respostas adequadas para, pelo menos, minimizar os seus efeitos. Parece haver amplo consenso quanto à necessidade de optar por modalidades de acção directas, com incidência nas populações afectadas, num caminho que é sobretudo preventivo, assente em políticas de informação e de educação, de melhoria das condições de vida das populações. Neste espírito, parece ser muito promissora a possibilidade, que está ao nosso alcance, de melhorar a capacidade imunitária humana graças à descoberta dos benefícios do selénio. De facto, vimos como se pode enriquecer com selénio a dieta alimentar das pessoas de regiões onde os solos são pouco ricos naquele micro-nutriente. Com importantes implicações no contexto das intervenções terapêuticas de saúde pública é aconselhável que se suplemente os fertilizantes com selenato de sódio para utilização em regiões de risco de HIV/SIDA em África, na Índia, China e Europa de Leste. Espera-se que, no curto prazo, a associação dos benefícios do selénio com as terapêuticas antiretrovirais venham a dar os frutos esperados. A continuidade dos investimentos em I& D para encontrar uma vacina poderá, igualmente, ser um trunfo importante no combate a este flagelo. |
Francisco Proença Garcia. Major de Infantaria, Professor do Instituto de Estudos Superiores Militares. Maria Francisca Saraiva. Assistente no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Mestre em Relações Internacionais. |