Luiz Pacheco

Luiz Pacheco (ainda...) resiste

Entrevista de Guilherme Pereira

INDEX

Ainda resiste
Agonia do génio
Como é que ocupas aqui o tempo?
Cresceste numa família de militares...
E tu no Liceu Camões?
E a Contraponto?
Escreveste também na Seara Nova.
[Batem à porta do quarto, entra um homem]
Como é que era no Limoeiro?
Referes-te muitas vezes ao Café Gelo. Conta aí uma história.
O libertino passeia-se no lar.
 Foste um dos responsáveis pelo sucesso de O Que Diz Molero.
Opinião sobre o José Saramago, queres dar?
E a Admirável Droga?

LUIZ PACHECO (ainda...) RESISTE

Luiz Pacheco é um dos mais brilhantes intelectuais da história da nossa cultura – escritor, tradutor, epistolografista, crítico literário, polemista, editor – vive num lar em Lisboa os seus últimos dias de vida, (quase)cego, respondão, truculento e mau feitio.

É hábito que alguns dos chamados críticos literários o colem à imagem/rótulo de marginal, bêbado e qualificativos congéneres.

Algumas das suas obras fizeram e ainda fazem história.

Estão nas principais livrarias, em edições revistas e melhoradas – à espera que morra Luiz Pacheco.

Visito-o algumas vezes: muitas vezes vale pouco. Pacheco quase vegeta, entre deambulações patéticas pelo corredor do Lar, as suas bombas para a asma e as 23 doenças de que padece.

A entrevista que se segue é, seguramente, o seu último textemunho.

O texto contém palavras e expressões ditas obscenas, obviamente ditas pelo próprio, que Pacheco é mesmo assim, há muitas, muitas décadas.

Por isso semeou inimigos, em proporção porventura idêntica àqueles que o admiram, como eu, indepentendemente da vida errática e da postura afrontadiça e insolente que sempre foi a marca de àgua da sua forma de estar na vida.

Estou seguro da vossa compreensão – dos blogueiros(as) deste espaço e dos responsáveis do SOL.