Na parede já velha leves riscos, duas
ou três manchas vagas, um vestígio
de memórias de insectos de retratos.
Um pretexto, afinal, para que vivam
recordações saídas de outros mundos
como a vontade súbita de erguer
a mão que nos fascina, uma palavra
desprendida, temível, solitária.
Como um olhar seguindo
o nível do horizonte, quando à tarde
os pássaros se despedem para sempre.
Qualquer coisa esquecida
plena de movimento ou de amargura.
Como o fogo ou a água
num poema de outrora
alheio ou por escrever
Nos outros reinos ausentes
num pensamento vago
ou num papel perdido. |