As máquinas de uniformizar:
o prestígio da doxa (8)
José Augusto Mourão

(UNL-DCC)

 

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Entropia

Coda - Notas

 

CICLO "A VERDADE EM PROCESSO" - 2004

Entropia

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O objectivo da teoria da informação não é estudar o significado das mensagens mas mais a sua estrutura estatística. Shanon (1948): a mensagem real que se transmite pertence a um conjunto de mensagens possíveis; quanto maior é o número de mensagens possíveis, maior a quantidade de informação produzida no momento da escolha efectiva da mensagem; o número de mensagens possíveis permite uma medida de informação determinada pela escolha particular. Mais informação = eliminação de mais incerteza (36). A função de Shanon é análoga à definição estatística de entropia. Quanto maior for a entropia de um conjunto de acontecimentos, maior será a informação associada com a escolha particular de um acontecimento específico. Há autores que definem a informação como entropia negativa, argumentando que a informação deverá estar associada à perda de incerteza. As mensagens são transmitidas numa linguagem de símbolos e sinais. A quantidade de informação transmitida depende do número de arranjos possíveis dos sinais. Há regras ortográficas para a música, a dança ou a informação genética. Qualquer sistema que possua estas regras tem uma entropia inferior à que teria, caso as não possuísse.

Na fenomenologia husserleana o Presente vivo constrói-se a partir do Agora. Husserl sugere que a sua fenomenologia concerne a consciência íntima do tempo. Mas "O fluxo constitutivo do tempo...não é nada de temporalmente 'objectivo'. É a subjectividade absoluta e tem propriedades absolutas de algo que é preciso designar metaforicamente como 'fluxo', algo que brota 'agora', num ponto da actualidade, um ponto-fonte originário, etc. " ( Leçons pour une phenomenology de la conscience intime du temps ). "Estrutura e entropia são duas características que exprimem aspectos contraditórios, qualquer linguagem deve equilibrar estes aspectos de modo a conseguir, por um lado, uma entropia elevada ou um conteúdo em informação elevado e, por outro, uma boa estrutura" .(Enciclopédia Einaudi, "Entropia", p. 404). A entropia mede o grau de desordem (acaso, mistura, desorganização) de um sistema, a sua medida. O conceito de norma permite “medir” o excesso por oposição ao defeito; os estados mais baixos de entropia remetem para a ideia de ordem, organização, separação; os estados de maior entropia estão ligados às ideias de maior liberdade, incerteza, variedade configuracional. Quanto maior é a entropia, maior a incerteza, maior a variedade potencial da mensagem, maior a expectativa, a surpresa. A entropia informativa distancia cada vez mais a informação e a mensagem da comunicação originária. Que será o caos informativo? Libertar-se do excesso de entropia para sobreviver exprime-se em quê?

A linguagem não é um simples instrumento. Leia-se a Lettre sur l'Humanisme sobre a reificação da linguagem que tende a tornar-se um simples meio de troca, sobre a sua sujeição à tirania da “publicidade” ( Oeffentlichkeit) . Não importa falar aqui do declínio da língua portuguesa. Importa falar da independêndia da língua em relação às suas funções de comunicação e de informação, em relação à sua proliferação rizomática arbitrária. A única devastação da linguagem é a da sua redução técnica a um meio de comunicação (37). Não se pode limitar o estudo duma língua ao da sua variedade maior. Uma língua é trabalhada por uma multiplicidade de dialectos, registos e estilos, mas no interior dum mesmo dialecto, o aspecto maior ou gramatical, é constantemente subvertido pelo aspecto menor. A “maioria” numa língua incarna-se em normas de comportamento mas também no poder e na dominação. A maioria afasta sempre ou exclui uma minoria que ameaça subvertê-la: a necessidade da violência esta profundamente enraizada na estrutura da linguagem (38).  

 

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