Numa sequência rica em consequências que liga o Simbolismo às Vanguardas Modernistas do início do século XX, a evolução da Personagem prossegue o seu caminho de desubstanciação com a sua consequente desumanização. A responsabilidade do Sentido transita, no drama, da dupla antes fundadora Personagem-Acção, para outros elementos mais abstractos que, no teatro dramático, tomaram sobre os seus ombros a responsabilidade do “peso” da narrativa. O Tempo, que foi esvaziado, torna-se espacial. A figura humana já não é a medida de todas as coisas. Fica a paisagem, um conceito que se revelará cada vez mais apropriado com o aumento consciência ecológica, e que contempla, em cena, a existência real ou medida de figuras humanas, sim, mas que não constituem já o foco principal da atenção do criador ou do espectador. O foco, agora, é o espectáculo em si.
O “terror e a piedade” que subjaziam, moralmente, à dramaturgia, são abolidos da cena teatral, iniciando-se uma sensibilidade pós-humanista (cf. Fuchs p. 35), a sensibilidade do capitalismo de mercado. |