Atado, franzino, o mofo do nada
na minha gravata de cavalo
flácido como o desconhecido e sobre os caminhos.
Lamentações nos escarros dos mortos.
A negligente franquia paga para falar
fora das minhas ancas
como um alazão árabe.
O êxtase o luto a luxúria
na gordura dos repiques dos estertores.
No calafrio das rendas, ó minha bela emoção
- frio de lâmpadas frias.
Doce e gelada a rua da Madalena
hortelã-pimenta de extintos lumes.
Eu saio dos liames do meu sol invulgar.
Serei eu o intérprete dos séculos
a escultura dos ventos dos centauros?
Desço, desenraizado repetido
num cabelo antecedido p’los meus dedos.
E como a suavidade da carícia
para onde vai, ó paz, o meu coração?
No galope dos mudos zeladores
dobro-os congelo-os
- castos de vida
nos faróis recortados.
Amargo é quem nasce para os elogios
e a vós deseja, espíritos
enclausurados e marmóreos
Pois este é o poema do prisioneiro
o tilintar dos sóis rememorados
E as matracas enterradas
no coração do peregrino.
Eis o meu sudário sem coroa
na vaidade deste baile
nos saltos de Antinéa
enluvada por este ideal.
A estrela do mendigo ouve
ouve o respirar vazio
da minha morte
da minha angustiada estupefacta
escrita
este meu lenço rendilhado de cambraia.
Retorcidos nos meus olhos apagados
a caneta e o poema que não atende a causas.
Limitado à desgraça sem repouso
Edith é a minha própria face lívida.
Mas meus olhos sempre os retiro
do enterro dos olhos ressuscitados…
in “Poèmes”
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