Guardou o jovem palestrante na valise o enxaguante bucal. Falava
animadamente para a platéia que se incomodava com o odor de suor.
Auditório muito grande para público tão diminuto, abriu novamente a
valise e dela retirou então o spray de bom ar. Chegou um sujeito
trôpego, camisa rasgada, paletó sem a manga direita e com ligeiras
escoriações por todo o corpo. Foi retirado porque, de sunga, estava
obviamente em trajes inadequados. Difícil mesmo foi retirar sua
acompanhante Lola, que se apresentava às vezes Lili e se chamava Onésima.
Esmagada pelo peso do nome, bem acomodada na cadeira, já tinha sorvido
duas doses de white horse com o ciclista. As ariranhas, bichinhos dóceis
e simpáticos, saíram logo depois levando o boné do guardador de carros,
seguido de seu tratador, um tal de Vampiro de Osasco, e do mestre que
nos deixou: Lourenço Diaféria. |
Marco Aqueiva, poeta, autor de Neste embrulho de nós (Scortecci, 2005), vencedor do III Prêmio Literário Livraria Asabeça, é professor de literaturas brasileira e portuguesa no ensino superior. É o idealizador, editor e administrador do Projeto Valise 2008 no endereço http://aqueiva.wordpress.com/ |