Margarida não gosta de se levantar cedo. Mas, este ano tem que dar aulas às nove da manhã. É um verdadeiro esforço, que ela tenta minorar tomando o pequeno-almoço num café de bairro, perto da escola.
Acabou por reparar num velhote que entra no café também à mesma hora, como se ele próprio tivesse também uma aula. Compra um croissant e vai-se embora. Esse acto, tantas vezes repetido, fá-la pensar. Será que compra o croissant e vai para casa comê-lo? Ou será que é para outra pessoa?
Acabou por saber a resposta num dia em que o viu, já depois das aulas, a atravessar a rua com uma senhora. Ela movia-se dificilmente e ele amparava-a com todo o cuidado.
- Sim, o croissant é para ela – pensa Margarida - O que é que uma mulher pode desejar mais no fim da vida do que ter alguém que todos os dias sai às nove da manhã para lhe comprar um croissant? |