Cadernos do ISTA . número 17
A verdade em processo

 

40 Anos de Impasses em Teologia Moral
MATEUS CARDOSO PERES

 

1. Nota Prévia
2. O Concílio
3. O Pós-Concílio: Uma História Atribulada
3.2. A Razões
4. Balanço provisório
4.1. Da parte do magistério
4.2. Da parte dos autores de teologia moral
5. O que se fazia entretanto no ISTA

4.2. Da parte dos autores de teologia moral

Que mais fizeram os cultores da teologia moral, durante este período? Não seria nada fácil nem cabe nas dimensões deste artigo fazer o balanço de toda a actividade deste sector, embora me pareça que muito do que apareceu neste campo se prendeu, se não directa indirectamente, com a referida polémica.

Há que admitir, por parte da grande maioria dos autores, a vontade de superar o ensino de antes do concílio, aquilo que restava da casuística, de assumir, portanto, as perspectivas abertas do Concílio. Uns, mais na linha da OT 16, elaboram e defendem uma «ética da fé», enquanto outros se situam mais na perspectiva de uma consideração da moral como realidade autónoma. Mas sem oposições radicais. Portanto uns mais voltados para o que a fé dos cristãos traz de específico ao campo ético, os outros mais interessados em buscar, em diálogo com toda a gente, e especialmente atentos às ciências humanas, as soluções para os problemas, servindo-se da razão natural [a fé muito pouco nos diz, de facto], mas soluções aceitáveis na fé.

Neste campo e neste período, deve mencionar-se a teologia da libertação, como uma releitura do cristianismo, a partir de um compromisso, social, político, logo, ético. Fica-se com a impressão, relativamente a essa teologia, de que ela significou mais uma opção de fazer teologia a partir de situações sócio-políticas muito concretas, situações de injustiça e exploração, no quadro latino-americano, mais uma intenção programática do que uma elaboração efectiva, original de uma nova teologia, liberta e libertadora. Mais uma promessa - promessa cuja fecundidade possivelmente ainda não se encontra esgotada- do que uma contribuição efectiva. Resta-lhe o mérito de ter imposto à atenção de todos, e de forma diferente, um conjunto de coordenadas, de contextos, de questões que interpelam a Igreja, a teologia e a maneira de fazer teologia.

Ainda neste período, sobressai a grande figura pioneira de Bernhard Haering, o mestre redentorista alemão que, através de obras didácticas de grande vulto como A Lei de Cristo ( 1ª edição em 1954) e Livres e Fiéis em Cristo (1978) e de muitas outras mais pontuais se tornou uma referência de base.

ISTA, Página principal - Cadernos do ISTA - TriploV

ISTA
CONVENTO E CENTRO CULTURAL DOMINICANO
R. JOÃO DE FREITAS BRANCO, 12
1500-359 LISBOA
CONTACTOS:
GERAL: ista@triplov.com