todos os dias me vejo ao espelho da minha secretária
e vou-me dissolvendo à medida que escrevo
já escrevi muitas coisas sobre ela naturalmente
algumas delas duraram mais tempo
foram por isso envelhecendo comigo
outras contam os cabelos brancos que me vão aparecendo
e sei ser este o modo de fazer matemática transcendente
escreveria hoje um poema se soubesse fazê-lo
mas não sei o como
interrogo-me obscuramente neste espaço vazio
há muito tempo que escrevo apenas poemas com o vapor dos barcos
sou uma mergulhadora viciada em águas
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