dizem que a noite é um bosque azul
e é lá que se ouve a respiração dos mortos
às vezes os seus nomes gritam tanto tanto
que rebentam poemas para dentro dos poços
então começo a desenhar os seus nomes
nomes que seguram os degraus da solidão
nomes onde as cidades dançam descalças sangram
vertendo o alfabeto numa página em chamas
chove tanto tanto dentro do poema
deus chora nos meus ombros
a dor do universo
(disse-o Panero)
saberás que escrevo agora o que é a dor do homem
com um chapéu de chuva em cada mão
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