::: ::: :::MARIA AZENHA

de encontro à infância

memória I

todos os dia me vou dissolvendo

por vezes

dizem que a noite é um bosque azul

meu coração em chamas

memória de espelhos(XI)

para que conste na cidade

de encontro à infância

senta-te agora aqui
ouve o poema em seu contínuo movimento
dentro dele há uma ave que sangra
posso pulsar nele ouvir o seu estrondo

sou um peixe cego que tropeça na luz

nado para um lugar fora da linguagem
neste lugar
as minhas mãos mergulham no sangue secreto da língua
consertam os sons feridos pela sombra da água

restauro-as então para um lugar de silêncio

ouço bater profundamente o poema dentro
é um arbusto
de
uma solidão terrível