::: ::: :::MARIA AZENHA

de encontro à infância

memória I

todos os dia me vou dissolvendo

por vezes

dizem que a noite é um bosque azul

meu coração em chamas

memória de espelhos(XI)

para que conste na cidade

para que conste na cidade

(para que conste que um dia me cruzei com um
jovem homem tombado numa rua)

sei agora o que é a pedra
a nudez de um homem sobre ela deitado
mergulhado no coração do tempo
numa cidade sem homens e sem palavras
numa cidade completamente ausente

era um homem com um espelho dentro dos olhos
iluminando as trevas das ruas
e eu teimo abrir uma porta no escuro
com a sua luz tremenda

era um homem sem nome e sem idade
tombado na claridade
envolto em uma mão crescente

arrasta consigo uma palavra branca de aço

 

sobe os degraus dos meus poemas
com deus nos braços