RENATO SUTTANA
Frutos

IV - Carne suave da pêra, que eu desvendo

 

Carne suave da pêra, que eu desvendo
entre os ventos e as horas, como quem
decifrasse a palavra de ninguém
sob aquela que o dia vai dizendo

(e se importasse mais com o sol que vem
do que com o seu silêncio ermo e tremendo:
em que nada descubro nem aprendo,
que é apenas uma luz que o dia tem).

Teu sabor em meu lábio me serena,
como um rio é sereno em seu descer,
correndo para o mar que ao longe acena :

como uma espada aplaca o aço que faz
o corpo do seu sono mais falaz –
onde o perigo aguarda e quer nascer.

FRUTOS

I - Estes frutos que o dia me oferece
II - Maçãs: não vos cantei como devia
III - Laranjas, de áurea cor que o olho medita
IV - Carne suave da pêra, que eu desvendo
V - Dorme – rugoso e espesso – o coração
VI - Apresento-vos, pois: eis a banana
VII - Uma festa de mangas em dezembro
VIII - Teus segredos não foram revelados
IX - O dia em vós se anima, em vossa chama
X - Abacate: entre tons de verde e escuro

 
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