RENATO SUTTANA
Frutos

I - Estes frutos que o dia me oferece

 

Estes frutos que o dia me oferece,
tão generosamente ali dispostos,
sobre a mesa, que um sol de abril aquece,
não são erros de abril, não são supostos:

são frutos em que o tempo amadurece
para além de surpresas e desgostos:
abertos ao fervor da minha prece,
como totens do dia, como rostos.

Quando para eles ergo a minha mão,
vazia de lembrança e pensamento,
de ter construído e conformado em vão –

o que deles obtenho é a forma clara:
uma delícia rubra do momento
que me sustenta, me confirma e ampara.

 

FRUTOS

I - Estes frutos que o dia me oferece
II - Maçãs: não vos cantei como devia
III - Laranjas, de áurea cor que o olho medita
IV - Carne suave da pêra, que eu desvendo
V - Dorme – rugoso e espesso – o coração
VI - Apresento-vos, pois: eis a banana
VII - Uma festa de mangas em dezembro
VIII - Teus segredos não foram revelados
IX - O dia em vós se anima, em vossa chama
X - Abacate: entre tons de verde e escuro

 
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