RENATO SUTTANA
Frutos

VII - Uma festa de mangas em dezembro

 

Uma festa de mangas em dezembro
e um frenesi de insetos; e o que vejo
supera o êxtase de ontem, que não lembro,
sopitada a monção do meu desejo.

E no entanto ainda quero, ainda planejo,
ainda procuro como quem de um membro
privado ainda buscasse algum sobejo,
já velhos os desastres de novembro.

Desço da casca ao sumo, e vou de mim
à promessa dourada que se guarda
em seu jamais tocar extremo ou fim:

pois é dezembro em tudo; e, se o sentido
paira em nós como um sol adormecido,
é justo que ele acenda, é justo que arda.

 

FRUTOS

I - Estes frutos que o dia me oferece
II - Maçãs: não vos cantei como devia
III - Laranjas, de áurea cor que o olho medita
IV - Carne suave da pêra, que eu desvendo
V - Dorme – rugoso e espesso – o coração
VI - Apresento-vos, pois: eis a banana
VII - Uma festa de mangas em dezembro
VIII - Teus segredos não foram revelados
IX - O dia em vós se anima, em vossa chama
X - Abacate: entre tons de verde e escuro

 
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