Nem de vinho a cospetélio;
Se flagro-me um último;
Doce, corpete, escarola
E um corpo de abril
Cheirando a ranho e sangue;
Vestígios da última briga;
A lua raiava em taças,
Copas e
1 corpo de vento,
Árvores do banquete
Em batons de tubo n´alguns bancos
Ajoelho-me e beijo
O chão dos meses;
O tempo em caracóis das músicas
Trompas ao ar livre
Sujo de jazz vermelho
As bolhas de orquestra que explode em meu nariz
Ásperas teclas na festa e
Dedos da mão suada
Um leque de afago e palmas
Ramalhetes do contentamento(aplausos)
É o que vedete arma um joelho
Beiços lambendo um pensamento tão distante
O tema central
O coração bate tranquilo, forte
Súbito, eis a música
E o dom de Eros nas conversas
Mulheres que jamais se despem
Musculaturas delgadas de tez branca bailarinam no terraço onde faz chope
E o frio nos ossos mais ocultos
Elementos disfarçados;
Toda festa é insociável;
As lareiras e capítulos à parte
Brindam chamas, desmembramentos, reenfatizações do acaso absoluto
Cosméticos da alma
Vassoura passada em migalhas
Enquadram assuntos fabulosos;
Dignos de serem cantados
Aos delfins(ou golfinhos) do mar morto
Açúcar no gelo
Disfarçando o ácido das salinas
Prósperas
Em frente ao quintal atrás do muro ante a praia
Ausente, como essa toalha
Dedilhei meus clarões
E alarmei mil melodias
Joviais ainda;
O enredo as comportava em samb´em´valsa
Turcas, venezianas, marroquinas,
E trinados búfalos dum peso esvoaçante
Não paquiderme esses assuntos
Abra a janela,
Quebre o vidro e glória:
A noturna onda encrispa a espuma que brilha
Serenata,
Solitária,
Encantada de tanta gente.
(Mário Montaut)
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MÁRIO MONTAUT é brasileiro, paulistano, de ascendência italiana, espanhola, indígena, moura, francesa e outras. Desenvolve uma sequência de composições que vêm à luz, já em dois trabalhos: "Bela Humana Raça", Dabliú, 1999, e "Mário Montaut: Samba De Alvrakélia", a sair nos próximos dias pelo selo MBBmusic. São muitos anos de vivências artísticas, num panorama que inclui Dorival Caymmi, René Magritte, Manoel De Barros, João Cabral De Melo Neto, Borges, Chico, Caetano, Gil, Dalí, Fellini, Buñuel, Webern, Cartola, Breton, Blavatsky e muitos amores mais, indispensáveis à sua criação, que abarca, além das canções, poemas, textos, roteiros e outras coisas interessantes. Mário Montaut é basicamente um parceiro de todos os seus contemporâneos e ascendentes, humanos ou não, saibam eles ou não. Índios, Negros, Europeus, Sem-terra, Brisas, Baleias, Maremotos, Chuvas, Livros, Discos, Beijos e Trovões Em Todas As Roseiras. Atualmente grava um disco de parcerias suas com o poeta Floriano Martins, onde a talentosíssima intérprete Ana Lee canta grande parte do repertório. Mário Montaut é um pouco de tudo isso. E muito mais, com certeza, pode ser descoberto em seus discos lançados, em suas tantas canções já gravadas, poemas, textos, e múltiplos achados. |