é fácil repousar os olhos sobre a água azul
sobre esta delicada água transparente
testemunha de tesouros e antigos búzios
a infância aqui é uma árvore inclinadamente subtil
uma navegação mágica sem barcos na glória do corpo
onde acontecem sílabas nascentes
onde os peixes do silêncio escrevem as primeiras letras
antes do dilúvio azul
com elas pude atravessar inteiramente o mundo
hoje
desaparecida na chuva
venho de uma peste arrancada
brutalmente
aos semáforos do século
ligados em rede
entrámos por uma europa obscura
com raízes assentes em templos de petróleo
e
areias bruscas
é isto o que nos resta, Du Xinjian?
maria azenha
2005,junho,lisboa
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