Cabe à Filosofia das Ciências, reflectir sobre o universo teórico - acompanhado por uma vertente experimental nuns casos. Por isso se interessa pela ciência moderna, com linhas reguladoras e limites. Por isso se interessa também pela articulação e desarticulação entre os saberes. Na procura de uma configuração premente para este último aspecto, direi que, para mim, ele nasceu entre a cidade e o campo, pois vivia numa cidade com campo. De facto, no Porto dos anos 50, havia a concentração de uma população que vinha de fora, como havia a presença das aldeias, através da mobilidade maciça de vendedores ambulantes: o padeiro, a leiteira, batendo à porta, todos os dias, excepto ao domingo; a mulher da hortaliça e o homem do burro, com biscoitos de Valongo dentro de sacos de pano, semanalmente; o amola tesouras e navalhas, galego, com uma surpreendente gaita-de-foles, às vezes. Assim, por várias entradas, as casas mantinham hábitos, como as ruas pululavam de figuras com resquícios da província. Dentro do conjunto, assimilavam-se novos comportamentos. Baralhavam-se contextos. Perturbavam-se os espíritos. |
Professora Associada com Agregação em Filosofia das Ciências do Departamento de Química e Bioquímica da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa .
Co-fundadora, primeira coordenadora e actualmente investigadora do Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade de Lisboa (CICTSUL)
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