triplov.org...............................................................................V ENCONTRO DE TEATRO IBÉRICO Évora 3-9 Dezembro/2007 |
Entrevista a José Russo |
PROGRAMA |
TRAVESSIAS |
Neste ano de 2007, realiza-se o V Encontro de Teatro Ibérico em Évora, a 5ª edição de um evento anual que se inscreveu já no calendário teatral do Inverno eborense, mas cuja dimensão cultural ultrapassa largamente os limites sócio-geográficos da urbe alentejana. De facto, os Encontros de Teatro Ibérico, nascidos em Évora em 2003 (a partir de uma iniciativa conjunta que se mantém entre o Cendrev e o IITM – Instituto Internacional del Teatro del Mediteráneo), são os únicos do seu género na península, ao reunirem espectáculos teatrais dos dois países, realizados com dramaturgia portuguesa e/ou espanhola de criação recente, constituindo um lugar de encontro e de intercâmbio entre as realidades artísticas dos dois países vizinhos, no que à criação teatral e dramatúrgica diz respeito. Por isso o termo Travessias nos parece tão emblemático e significativo para mote deste V Encontro, porque é de travessias que se trata nesta tentativa actualizante de aproximar e promover o diálogo entre culturas teatrais que nasceram irmãs na sua origem - a despeito dos poderes políticos e territoriais se digladiarem no passado - uma vez que, recorde-se, Gil Vicente, um patriarca não só do teatro português mas também peninsular, era um dramaturgo integralmente bilingue. Os espectáculos que este ano constituem a mostra do V Encontro de Teatro Ibérico, vertente fundamental na sua identidade (que desejaríamos alargada, se a sustentação dos apoios com que contamos para a realização do evento o permitisse), exprimem de múltiplos modos esta ideia de travessia: partindo da especificamente histórico-geográfica, numa deriva pelo espaço europeu, protagonizada pelas personagens de 30º de Frio, peça trazida de Madrid pelo colectivo Teatro del Astillero; travessia também pelos espaços da intimidade e do olhar no feminino, formulada por autores de diferentes gerações, tanto em Queres fazer amor comigo, de Henrique Félix, como em Imagina que descalcei o sapato e agora não o consigo enfiar, da veterana Teresa Rita Lopes, ou ainda o caso singular de Aniñando, concebido pela jovem encenadora Sofia Cabrita, numa incursão pelo imaginário da mulher na velhice, dupla travessia em cena que reúne uma actriz catalã e duas portuguesas numa coabitação de línguas ibéricas, tal como a peça do português Hélder Costa aqui surge, El Incorruptible, representada em castelhano por um grupo de Espanha; travessia de épocas e de géneros, teatrais, sexuais e étnicos, como em Cabaré de Ofélia, de Armando Nascimento Rosa, e travessia pelos imaginários fragmentários que o quotidiano contemporâneo produz, como em I Love Clint Eastwood, de Miguel Morillo, ou Além as Estrelas são a nossa Casa, de Abel Neves. Para encerrar o nosso Encontro de 2007, recebemos um espectáculo muito especial, tecido por João Brites a partir do Auto da Feiticeira Cotovia, de Natália Correia, a autora ibericista que elegemos para madrinha simbólica dos encontros de Évora (o I Encontro teve mesmo Natália como figura tutelar, nos dez anos da sua morte); o espectáculo A Cotovia é uma celebração cénica de teatro em simbiose com a comunidade, através da palavra de Natália segundo a estética do Bando, em comovente aliança com o grupo As Avozinhas de Palmela, mostrando que as travessias na arte e na vida não conhecem limites de idade. |
TRAVESSIAS em |
Uma componente fundamental dos Encontros de Teatro Ibérico consiste em reunir em Évora vários convidados de Espanha e de Portugal para debater em conjunto questões de pertinência comum no contexto da criação e difusão teatral de ambos os países. Este ano, os dias 8 e 9, aproveitando o fim de semana, foram os escolhidos para estas sessões públicas, de entrada livre, terem lugar; uma vez mais no espaço do salão nobre do Teatro Garcia de Resende que, desta vez se encontra cenografado para o espectáculo do Cendrev que ali estará em cena ao fim da noite (Cabaré de Ofélia). Nas sessões deste ano serão discutidos, sob o signo do tema Travessias, vários modelos e experiências, já realizados ou em idealização prospectiva, relativos à cooperação teatral entre ambos os lados da fronteira; isto sem obviar a abordagem de temáticas que relevam das produções teatrais que integram a mostra, com a participação dos agentes criativos delas. No dia 9, realiza-se ainda uma reunião entre os elementos que constituem o Fórum Ibérico de Teatro (estrutura que emergiu dos Encontros de Évora anteriormente realizados), com representantes das associações congéneres portuguesa e espanhola, no sentido de delinear acções e projectos conjuntos a efectivar no futuro imediato (alguns deles já em curso). |