suspenso sobre a tarde –
projecta na mesa
asas que o fogo não consegue dissolver.
à distância, o barro
lembra-nos que a sombra
depende de uma luz
que não existe.
é impossível ressuscitar
este voo, essa chama.
a cinza da imagem cobre-nos
de sono – para contemplarmos
sem asas
esse voo eterno.
[Diogo Pimentão, fotografia sem título]
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