sangue nos olhos. sangue
nos olhos, nos ouvidos,
nas narinas e na boca.
– imagens de outro sangue
que as mãos afastam da cegueira.
a tinta (do coração?)
atravessa esta sala. despede-se
do mundo. permanece
neste mundo onde um olhar
salgado
antevê linhas e cores
que escavam o papel.
a ferida obscurece
o corpo luminoso.
escurece e ilumina.
ilumina esta mão
que tenta dissolver a agonia.
[Edgar Degas, “Auto-retrato”, 1910]
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