a luz desenha no espaço
duas colunas de sombra.
a memória coloca no olhar
duas colunas de fogo
que as asas devolveram
à poeira das origens.
sangue e voo
sobrepõem-se à imagem
obstruindo a presença da luz
na tinta e no coração.
traços e cores
dispensam, no entanto, a linha
do horizonte. na ascensão da tela
restituem, sem matéria,
a presença do edifício –
sem vidro, sem aço
com carne, sangue e memória
na inscrição do mundo.
[Jorge Martins, “WTC”]
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