Gabriel Chávez Casazola

Poemas

Tradução de Pedro Sevylla de Juana e colaboração de Nicolau Saião

POEMAS - INDEX

O sonho de Bartimeo (Bartimeo’s dream)

Voo nocturno / Arte poética

A canção da sopa

Certificado

Ne nos inducas

Lucas 13, 4

Alvíssaras

E que às margens

E que às margens

E que às margens do rio de jacarés te cavem uma sepultura

no outeiro mais próximo,

conduzam-te

com bronze no pescoço e as orelhas

e os tornozelos e um grande ramo de flores amarelas

escolhidas com primor

pelas donzelas

— com sorte orquídea das ilhas —

 

Um ramo

que quando encontrem o teu corpo os arqueólogos

japoneses e alemães à margem

do grande rio de jacarés

seja

a prova maior de que os teus filhos veneravam os mortos

carregando os seus joelhos com um peso amarelo

que não era de ouro, não,

mas que igualmente  vencia

a natural resistência dos ossos

ao fim e ao termo da tua civilização impudentemente oferecidos

em arco aberto

— isso do peso das flores, o peso da beleza nas ancas da morte —

 

Dispostos já os teus ossos ao açougue dos futuros

se isso quer dizer algo ainda,

agora que é então e as tuas mãos de criança

cortam as pétalas de flores amarelas

e lançam os seus cata-ventos ao socairo

perguntando-se em línguas já desaparecidas

quer-me não me quer

perguntavam-se  os antigos estas coisas?

muito

conheciam o amor os nossos antigos?

poucochinho

— ou era uma doença como a peste, chegada de lontano — 

 

Quão pesadas as flores

que frágeis os meus ossos e esta língua que hoje falo

ninguém poderá escrevê-la quando

— quando? — 

 

Moça dos rios enterrada em qual outeiro

 

muito

poucochinho

 

os meus ossos já vencidos

 

sabem que talvez

nada

 

[….]

 

(Inscrição inconclusa numa escavação, língua desconhecida.

Esta é somente uma versão muito livre

do aroma que exalam as flores amarelas:

a cultura à qual pertenceu o possuidor destes restos não precisava de                               

                                                                                                      escritura).

Gabriel Chávez Casazola (1972) Poeta, escritor y periodista boliviano. 

Ha publicado los libros de poesía Lugar Común (1999), Escalera de Mano (2003) y su tercer poemario se encuentra en prensa (2010).  Sus poemas están recogidos en suplementos, revistas y antologías nacionales e internacionales. Ha participado en numerosos encuentros y festivales de poesía en su país y fuera de él. Impartió el Taller de Poesía de la Universidad Andina “Simón Bolívar” en Sucre, así como otros talleres del género en universidades y centros culturales.

Publicó además un libro de ensayos y artículos y otro de crónica periodística, además de cuentos dispersos en revistas y antologías.

Como editor, concibió y editó, para Fundación Cultural “La Plata”, una vasta Historia de la Cultura Boliviana en el siglo XX (2 vol., 2005 y 2009), reconocida como el Libro Mejor Editado del año 2009 por la Cámara del Libro de Santa Cruz.  Por encargo de esta misma Fundación, cuidó la reedición de varias obras agotadas de autores clásicos bolivianos para el sello Agua del Inisterio.

Como gestor cultural, dirigió el Festival Internacional de la Cultura de Bolivia y fundó la Semana del Libro en la ciudad de Sucre, capital constitucional de su país. 

Como periodista, ha sido editor y columnista de importantes diarios bolivianos, como La Prensa, Última Hora y Correo del Sur; corresponsal de La Razón y analista del semanario Pulso de La Paz, además de colaborar con otros medios impresos de su país, como El Deber y La Palabra.   Actualmente tiene una página de literatura y otra de análisis político en el diario “Página Siete” de La Paz.

Premio Nacional de Ensayo Periodístico, Primera Mención del Premio Nacional de Cuento Franz Tamayo, Biodiversity Reporting Award de Conservación Internacional. El Estado boliviano le concedió la Medalla al Mérito Cultural en diciembre de 2005.

Mail: casazola@hotmail.com