A Escrituras Editora publica no Brasil Expírito - multiversos, trabalho do poeta, editor e tradutor mexicano Rúben Mejía, que traz carta-prólogo de Jorge Aguilar Mora e posfácio de Reyna Armendáriz González. A tradução é de Floriano Martins.
Expírito representa a morte vital; o exercício sublime e iniludível de expirar em consciência da morte, da leveza humana, exercício que paradoxalmente dá asas e força à existência. Este é, a rigor, o sopro de vida que normalmente chamaríamos de “espírito”, e que Mejía permuta por um ex latino que de imediato nos coloca “fora de”.
Expírito sempre morre e, no entanto, vai modelando uma medula inesgotável na vida. O fundo encaixa-se à forma e deixa-nos profundos e gelados. Cruzamos a desolação sagrada da existência, a impossível fronteira do instante, o instante infinito da morte... religiosamente vivendo. O autor viaja no seu estado existencial, nas curvas mais ocultas das palavras que, por vezes, abruptamente cerceadas, brilham, se tocam, punçam melhor. Uma linguagem esculpida com profundidade oferece-nos harmonia e determinação, e, sobretudo, uma voz que está em condições de interatuar com a fagulha racional da alma. |