::::::::::::::::::::::::::::::::Rodolfo Alonso::::

ANTOLOGIA POETICA
Traduções de José Augusto Seabra

O poeta procura trabalho
Sombras frias
A cicatriz
Nem príncipe nem mendigo
O cometa Durruti
Entretanto
Bons Ventos
Duro Mundo
O músico na máquina

Poemas de
“O MÚSICO NA MÁQUINA”
(Buenos Aires, 1958)

CORPO A CORPO

De uma obscura paixão ou um pouco de esforço, de um puro golpe de amor, de certa maneira de falar e surpreender-se, não poderás evadir-te sem deixar um rasto, algo que te descubra.

N.

Se eu te houvesse dito: o coração é uma fruta enorme. Se eu te houvesse cantado com estas palavras de descontentamento e de traição, se te houvesse aberto uma só das minhas chagas, poderias hoje dormir a meu lado.

Mas o cansaço espera e isto é muito. A vida não da mais do que se lhe pede. As distâncias alargam-se ou rompen-se.

A terra tem um ritmo.

A VOZ TOMADA

Quando se quebrar a língua do amor, restar-nos-á ainda esta palavra ronca.

Quando não poder dizer, voltará ainda à minha garganta o eco do teu corpo.

VOO NOCTURNO

É a hora dos pássaros repartidos.

Candura: cavalga ao meu lado na noite leve.

O MÚSICO NA MÁQUINA

Repartia um pais delicado e terrível: amava toda a candura, toda a barbárie.

As tormentas abriam as portas de minha casa.

Viageiro: a pedra em que tropeças também é o mundo.

Rodolfo Alonso. Poeta, traductor y ensayista argentino. Fue el primer traductor de Fernando Pessoa en América Latina. Premio Nacional de Poesía (1997). Orden “Alejo Zuloaga” de la Universidad de Carabobo (Venezuela, 2002). Gran Premio de Honor de la Fundación Argentina para la Poesía (2004). Palmas Académicas de la Academia Brasileña de Letras (2005). Premio Único de Ensayo Inédito de la Ciudad de Buenos Aires (2005). Premio Festival Internacional de Poesía de Medellín (Colombia, 2006).