NICOLAU SAIÃO

OS VERBOS IRREGULARES

Duelo ao pôr-do-sol

- Ouve, Tahoma - disse o xerife Joe MacIntosh com a mão oscilando perigosamente a escassos milímetros do seu colt 44 Frontier - Todos nós sabemos que quando conseguiste ser ajudante do marshall de Durango, em Traz los Montes, entregaste a exploração da editora a um mestiço, antes mesmo que o novo marshall tomasse posse da estrela...

- Quando falar assim, sheriff, sorria... - respondeu P.C.Tahoma, os olhos acastanhados brilhando como os de um puma - Senão terei de o considerar não mais que um caluniador...um pequeno pulha...

Era quase tardinha. O pó de um dia invulgarmente abafado erguia remoinhos na rua principal junto ao saloon, aos estábulos de Jack La Charla e ao hotel de Juan Plagiaño, o mexicano de barbicha à Zapata e agitava os cabelos revoltos do pistoleiro mais rápido a oeste do rio Tiejo. MacIntosh olhou Tahoma com os seus acerados olhos cinzentos de aço e deslocou-se um pouco para a direita, onde o sol declinante não o encandeava.

- Limito-me a dizer o que penso, Tahoma - tornou o xerife na sua voz metálica de batalhador - Tu e esse marshall cheio de retórica, esse cronista meio-atravessado, fizeram das boas em Dodge... E no fundo o que conta é o princípio. Pouco importa se o nomeaste redactor-chefe ou não...E também podia falar noutras jogadas...

- E você, sheriff, com a colocação dos vaqueiros do Círculo Tê, à última hora, como líricos de primeira? E andar a pavonear-se de Carson City até ao Chiado, lambendo as botas à tribo dos fnaques? Até às reservas dos comanches e dos apaches você foi à cata de boas críticas... - e a mão esquerda de Tahoma pôs-se rígida, sem um tremelicar, enquanto ele olhava a dextra de MacIntosh e, por cima do seu ombro, as montanhas del Cristo Rey e o deserto, que já azulavam naquele dramático pôr-do-sol.



(Infelizmente, caros leitores, o resto do relato perdeu-se devido a um bloqueio interactivo qualquer. É o que acontece, se mal nos precatamos, nestes duelos intensamente virtuais...).

NS