É tempo de acordar o inverno, as neblinas errantes.
Pelos dedos túmidos, o sangue-fogo dos vestígios.
Sob os destroços, o sol resplandece,
as harmonias triunfam.
Com harpas puras, vinho e ciprestes, assim me embriago.
Pelas neves imensas, a música.
Junto aos nardos, as aves canoras.
O silêncio floresce.
Nas nuvens ecoa o hausto secreto dos hipogeus sagrados,
os rios desenvolvem-se, os sonhos multiplicam-se.
Pelo silêncio que petrifica, com o céu me envolvo,
entre árvores sagradas, gotículas de incenso.
Pela metáfora dos dias, estranho é o ar e o coração
é uma onda que paira.
O sangue afaga o sol, a luz e os seus segredos.
Na candeia dos teus olhos, o céu dilata-se,
e o vento desencadeia as valsas, os sons, as taças
cheias de éter.
Na candeia dos segredos, os nós enlaçam-se.
Há dias, lia algo sobre Álcman* e os himeneus;
floresciam os liláses e o sangue-luz surgia.
Na estação dos rios, as candeias eram metáforas
ardentes.
O sangue afagava o sol, os seus lânguidos vestígios.
Circulavam os tamarindos, flores aromáticas,
ébano e perfume, pelos céus de gengibre.
Nas florestas de cinza, as nuvens, o mar, as ânforas,
os limbos acordavam leves,
os filtros rondavam os nomes, o céu resplandecia,
entre o fogo, a Geena.**
Num céu triste, o sangue corria veloz,
o coração usurpado cobria-se de violinos.
As candeias acendiam-se.
E a vertigem era branca, luminosa, como um natal
de outrora.
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