Construa um tablado de madeira. Coloque-o no tempo e deixe-o viver sua vida por 20 anos. Veja o que lhe aconteceu, o que passou por ele e o marcou, o que o arruinou, afundou e onde pode ainda sobreviver apesar das catástrofes ao seu redor, tão vizinhas que se fazem nele próprio. O que pode um plano senão desenvolver os efeitos de seus encontros? Talvez possa ver que algo, na catástrofe, algo após a explosão, ainda resiste e sobrevive. O que pode essa sobrevida? O que fará acontecer ainda no mesmo plano? O que passará ainda para fazê-la surgir em sua humilde gagueira, em sua insistente fragilidade teimosa que reluta em viver. A vida possui mais volteios do que nossos próprios sonhos.
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