Madeira, J. & Brum da Silveira, A. (2007), Tectónica e sismicidade na ilha do Faial e o sismo de 9 de Julho de 1998. Boletim do Núcleo Cultural da Horta,16: 61-79. |
Pelo seu enquadramento e evolução geodinâmica, condicionada pela localização no contexto das placas litosféricas e tipo de interacção entre placas, o arquipélago dos Açores encontra-se sujeito a sismicidade frequente e a vulcanismo activo. Os eventos sísmicos sentem-se em todo o arquipélago, mas são mais frequentes e de magnitude mais elevada nas ilhas dos grupos central e oriental.
Na ilha do Faial a actividade sísmica desde o povoamento, em meados do século XVI, até ao início do século XX foi pouco importante e esteve relacionada, fundamentalmente, com fontes sísmicas distantes. Contudo, a expressão morfológica da actividade sismotectónica está bem patente no relevo da ilha. Numerosas vertentes de forte declive, designadas por «escarpas de falha», reflectem a deformação superficial acumulada produzida em falhas que geraram sucessivos eventos sísmicos, em período anterior ao povoamento, com rotura superficial e de magnitude moderada a alta (M > 6).
Apenas no século XX ocorreram sismos significativos na ilha do Faial. Os eventos em causa foram sismos ou crises sísmicas de natureza tectónica (sismo de 9 de Fevereiro de 1924; crise de Abril a Setembro de 1926, com o sismo principal a 31 de Agosto; sismo de 9 de Julho de 1998) e a crise sismo-vulcânica associada à erupção dos Capelinhos (veja-se Silva, 2005; 2007, neste volume).
Neste trabalho apresentam-se e relacionam-se os principais aspectos da neotectónica, da paleossismicidade e da sismicidade histórica da ilha do Faial, incluindo a descrição dos efeitos do sismo de 1998. |