A propriedade de Jos Dutra, segundo capitão do Faial e Pico, em 1517/1518 é composta por casas, terras e gado, para além dos direitos senhoriais e dos monopólios que estão associados à respectiva capitania. Sem nos fornecer todos os elementos necessários ao estudo de um património, o inventário que serve de base ilustra de igual modo vários mecanismos de aquisição de bens e, principalmente, as formas de exploração da propriedade. Neste quadro, destaque-se o relevo dado à criação de gado e aos modelos de exploração que lhe estão subjacentes, realidade que confirma o perfil económico do Pico nos primórdios. Para além destes aspectos, no quadro duplo da afirmação terra-tenente e das dificuldades do povoamento da ilha, é de destacar a estratégia de concertação entre o capitão e um poderoso que emergia nas ilhas, Pêro Anes do Canto, através da co-propriedade de terras e criações e da salvaguarda de privilégios e interesses de ambas as partes.
Rute Dias Gregório – Departamento de História, Filosofia e Ciências Sociais. Rua da Mãe de Deus. Universidade dos Açores. 9501-801 Ponta Delgada – rute@notes.uac.pt